Foto do Cartaz: Priscila Poletti e Diego Bertoldi
Arte final: Marcelo Lim
Arquivo da categoria: Fantástico
A VINGANÇA DOS FILMES B-PARTE 3
A VINGANÇA DOS FILMES B- PARTE 3
“A vingança nunca é plena…mas pode ser divertida”
De 13 a 15 de dezembro a Sala P.F.Gastal (3° andar da Usina do Gasômetro) sedia a terceira edição da mostra A Vingança dos Filmes B. Concebida em 2011 para servir de vitrine para produções que flertam com o cinema de gênero, a mostra chega ao seu terceiro ano consecutivo se consolidando como um território destinado a divulgação e ao resgate de filmes independentes, produções de baixo orçamento e outros delírios fílmicos, buscando incentivar o público a dialogar com obras que dificilmente encontram espaço nas telas dos cinemas comerciais. Filmes repletos de horror, ação, anarquia, humor e demência, ocupando um mesmo espaço sem restrições quanto ao seu orçamento ou suporte de realização.
O filme de abertura desta edição será o documentário Desagradável, produção que retrata a conturbada trajetória da mítica banda carioca Gangrena Gasosa e sua explosiva mistura de macumba, irreverência e heavy metal. A banda criou o conceito de saravá metal lançando álbuns agressivos e iconoclastas como Welcome to Terreiro (1993) e Smells Like Tenda Spirita (2000). O diretor paulista Fernando Rick estará presente na mostra para realizar um debate após a sessão.
Fernando Rick tem se destacado entre os realizadores independentes paulistas, sendo também responsável pelo documentário “Guidable: A Verdadeira História do Ratos de Porão”, pelo premiado curta “Ivan”, e pelo violento e polêmico “Coleção de Humanos Mortos”.
Três longa-metragens presentes na mostra ajudam a fortalecer e ampliar as possibilidade de se realizar cinema de horror no Brasil, “Mar Negro”, de Rodrigo Aragão, “Nervo Craniano Zero”, de Paulo Biscaia e “Zombio 2- Chimarrão Zombies”, de Petter Baiestorf.
A Sessão Shot or Die apresenta três produções realizadas com pouco, ou nenhum dinheiro, tendo como incentivo apenas a paixão pelo cinema. Obras com orçamento limitado e criatividade de sobra.
A sessão Malditos Curtas reúne obras de diversos estados brasileiros, constituindo um mosaico representativo da atual produção de cinema de gênero no país. Jovens realizadores investindo em filmes de ação, horror, suspense e ficção científica, injetando sangue novo nas veias do cinema brasileiro.
E por fim, a Sessão Sala Especial é dedicada ao grupo de anárquicos comediantes capixabas da TV QUASE. Unidos por Gabriel Labanca (falecido prococemente aos 30 anos, em 2012) a trupe formada pelos dementes Daniel Furlan, Juliano Enrico, Raul Chequer e Klaus Berg, iniciou a mais de 10 anos o projeto de humor multimidia QUASE. O projeto que começou como uma revista em quadrinhos migrou para o youtube, e agora começa a semear seu humor nonsense e sua insolência também na tv aberta. A sessão exibirá além do curta Loja de Inconveniências: A Maldição do Caipora, diversos sketches e a homenagem Labanca Eterno. E para melhor compreender o que é a QUASE, uma definição do próprio grupo: “Ilogia, delírios, blasfêmia, alucinações, inadequação afetiva, piru, negligência social, devaneio permanente, incoerência, travestismo, cocô, agressividade, mau humor e quadrinhos”.
Sejam bem vindos à Vingança dos Filmes B- Parte 3
(Cristian Verardi- organizador)
APOIO: The Raven / Dirty Old Man / Secretária Municipal de Cultura de Porto Alegre / SalaP.F.Gastal
GRADE DE PROGRAMAÇÃO
Longas:
Desagradável (2013 / 120 minutos), de Fernando Rick / A banda Gangrena Gasosa tornou-se um mito do underground carioca com a sua inusitada mistura de heavy metal com elementos de umbanda. O documentário aborda a anarquica trajetória da banda em seus 20 anos de existência. Uma história repleta de confusões, estranhas maldições e muito “saravá metal”. (Após a sessão debate com o diretor Fernando Rick)
Mar Negro (2013 / 100 minutos), de Rodrigo Aragão. Com: Walderrama dos Santos, Mayra Alarcon, Cristian Verardi / Após se depararem com uma estranha criatura marítima, dois incautos pescadores levam sem saber a morte e a destruição para uma pequena vila à beira mar. Zumbis, demônios, e criaturas mutantes orquestram um dantesco banho de sangue e vísceras. Alucinante desfecho da trilogia iniciada por Rodrigo Aragão em 2008 com “Mangue Negro” (2008), e seguida por “A Noite do Chupacabras” (2011). Selecionado para festivais como: SITGES Film Festival (Esp) / Morbido (Mex) / Montevideo Fantastico (Ury) / Festival do Rio 2013 (Bra) / Rojo Sangre (Arg)
Zombio 2- Chimarrão Zombies (2013 / 83 minutos), de Petter Baiestorf. Com: Airton Bratz, Coffin Souza, Gisele Ferran, Gircius Gewdner / Uma pequena comunidade interiorana sofre uma estranha epidemia após consumirem a erva-mate Cronenberg. Um grupo tenta sobreviver em meio ao caos provocado pela invasão de mortos-vivos e outros seres raivosos. Irreverente mistura de horror, humor e sexploitation nesta sequência direta de Zombio (1999), do cultuado diretor independente Petter Baiestorf. (Censura 18 anos). Selecionado para festivais como: SITGES Film Festival (ESp) / Montevideo Fantastico (Ury)
Nervo Craniano Zero (2012 / 88 minutos), de Paulo Biscaia. Com: Guenia Lemos, Uyara Torrente, Leandro Daniel Colombo / Uma escritora ambiciosa e um neurocirurgião obcecado utilizam uma ingênua garota como cobaia em um experimento perigoso. Um chip é instalado em seu cérebro afetando o “nervo craniano zero”, o resultado da experiência foge ao controle, gerando consequências nefastas. Prêmio de melhor direção no New Orleans Horror Film Festival 2012 (EUA) / Melhores efeitos de FX no Thriller Chiller Festival 2012 (EUA)
Curtas:
Distúrbios, Palavrões e Batidas de Carro (2013 / 38 minutos), de Cláudio Guidugli / Jovem apaixonado por prostituta planeja uma ação para assassinar o próprio pai, mas assaltantes desastrados, um psicopata estuprador e um homem com um acesso de fúria após um acidente de carro, transformam o crime perfeito num desastre sanguinolento. Ação, humor negro e drama familiar numa produção independente filmada na pequena cidade de Roca Sales (RS) com orçamento zero, utilizando apenas uma câmera cybershot e muita criatividade.
You Bitch Die (2009 / 3 minutos), de Lucas Sá / Traição, vingança e morte. Ela traiu o homem errado, e agora vai pagar com o próprio sangue!
Filmes São Seus Amigos (2 minutos), de Gurcius Gewdner: Com Raissa Vitral: O diretor independente Gurcius Gewdner faz um procunciamento importante: Filmes são seus amigos!
A História de Lia (2010 / 13 minutos), de Rubens Mello / Lia é uma adolescente que vive num lar doentio e violento. Para fugir de sua cruel realidade ela se envolve com um grupo de jovens marginais. Porém, uma tragédia é desencadeada quando ela é possuída por sua amiga invisível.
Rise Weirdo Army (2012 / 4 minutos), de Francis K / Monstros gigantes, kung fu e rock’n’roll, no melhor estilo Damn Laser Vampires.
Catalogárgula (2013 / 5 minutos), de Lucas Neris / Hélio é um homem peculiar que tira fotos de tudo à sua volta, dando uma conotação própria e estranha aos objetos que o cercam.
Belphegor (2013 / 6 minutos), de Ricardo Ghiorzi / Nem mesmo a santidade está a salvo diante da presença do mal.
Tate Parade (2012 / 10 minutos), de Marja Calafange / Sharon Tate volta do além para vingar sua morte e salvar o seu bebê. Uma vingança com sabor de melância.
O Membro Decaído (2012 / 18 minutos), de Lucas Sá / Um homem vaga a esmo. O destino lhe reserva um caminho de sangue.
Encosto (2013 / 7 minutos), de Joel Caetano / Um ritual de magia negra não ocorre com o esperado. Qual o preço a pagar pelos seus desejos?
O Matador de Bagé (2013 / 15 minutos), de Felipe Iesbick / Assis. Matador Profissional. Quinze anos consecutivos o número um de Porto Alegre. Até a chegada de Assunção. (Prêmio de melhor curta da Mostra Gaúcha do Festival de Gramado)
Estrela Radiante (2013 / 25 minutos), de Fabiana Servilha / Após encontrar um estranho objeto caído dos céus, um homem tem a sua vida modificada quando começa a sofrer estranhas mutações.
Paulo e Ana Luiza em Porto Alegre (1998 / 15 minutos ), de Rogério Brasil Ferrari / Um casal portoalegrense com um gosto peculiar pelos prazeres da carne. Sexo, gastronomia e assassinato num clássico do cinema gore gaúcho.
Sessão Sala Especial: TV Quase: Loja de Inconveniências: A Maldição do Caipora (2013), de Juliano Enrico / Jairo só queria entrar em qualquer loja para comprar cigarros. Mas esta não é qualquer loja. E Seu Argemiro é qualquer coisa, menos qualquer vendedor. Aqui ele tenta convencer Jairo a fumar menos, além de alertá-lo para a perigosa criatura que espreita nas profundezas da floresta. (curta seguido de sketches da trupe de comediantes da TV Quase e homenagem póstuma ao humorista Gabriel Labanca). Total: 60 minutos.
GRADE DE HORÁRIOS
13 de Dezembro
20h- Encosto (7’) + Desagradável (120’). Total: 127 minutos (Após a sessão debate com o diretor Fernando Rick)
14 de Dezembro
15h- Sessão Maldita Matinê I- Filmes São Seus Amigos (2’) + Zombio 2- Chimarrão Zombies (88’). Total: 90 minutos
17h- Sessão Shot or Die: You Bitch Die (3’ + História de Lia (13’) + Distúrbios, Palavrões e Batidas de Carro (38’). Total: 54 minutos
20h- Sessão Malditos Curtas: Rise, Weirdo Army (4’) + Catalogárgula (5’) + Belphegor (6’) + Tate Parade (10’) + O Membro Decaído (18’) + O Matador de Bagé (15’) + Estrela Radiante (25’) + Paulo e Ana Luiza em Porto Alegre (15’). Total: 98 minutos. (Após a sessão debate com os realizadores)
15 de Dezembro
15h- Sessão Sala Especial: TV Quase: Loja de Inconveniências: A Maldição do Caipora + sketches + Homenagem a Gabriel Labanca) (60’)
17h- Sessão Maldita Matinê II – Nervo Craniano Zero (88’)
19h- Mar Negro (100’)
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PREPAREM-SE PARA O MAR NEGRO
“Mar Negro”, de Rodrigo Aragão, abrirá o FANTASPOA 2013 nesta sexta-feira (03 de maio) às 19 e às 21h15, no CIneBancários (Rua General Câmara, 424 – Centro). “Mar Negro” não é apenas a consolidação de Aragão como um dos mais notórios realizadores independentes do país, mas também a concretização de uma meta para os fãs de horror que sonham com a proliferação do gênero fantástico no cinema brasileiro. Está é segunda parceria minha com Aragão, que me presenteou com um grande desafio, interpretar uma personagem tão complexa e bizarra quanto a que me foi destinada em “A Noite do Chupacabras”. Espero todos vocês para se divertirem e se aterrorizarem com o mar de sangue e demência que preparamos com tanto carinho!
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DEMÔNIOS E MARAVILHAS- UM BREVE PANORAMA INFERNAL NO CINEMA
I
Lúcifer, o Anjo Caído, o grande adversário do Criador e de sua criação, o
homem, é uma das figuras mais emblemáticas da cultura judaico-cristã. O anjo
que desafiou Deus, e foi banido do paraíso celeste por sua ousadia, travando
desde então uma batalha pela alma humana, tem sido uma metáfora milenar
para ilustrar e expiar os males que assombram a humanidade.
Com a ascensão do cristianismo, sincretismos religiosos e outras formas
de assimilação cultural acabaram gerando inúmeros nomes e formas para
designar as múltiplas facetas desta criatura mítica que representa o contra
peso da balança na eterna dualidade entre o bem e o mal. Lúcifer, Satanás,
Belzebu, Mefistófeles, Pazuzu, seja qual for a nomenclatura utilizada, é o termo
grego “daemon” (δαίμων), que origina a sua designação genérica mais comum,
Demônio. Da serpente que seduz Eva no Genesis, passando pelo dragão do
Apocalipse e das lendas medievais até a figura popular do homem com chifres
e cascos no lugar dos pés, esta entidade maléfica ultrapassa os limites do
contexto bíblico e dos delirantes sermões admoestatórios sobre os tormentos
do inferno, para fazer parte de uma mitologia universal, gerando uma fonte de
inspiração inesgotável para reflexões artísticas sobre a natureza humana.
O cinema em seus primórdios, assim como ocorreu com a pintura, a fotografia
e outras formas de arte, também foi considerado por muitos uma ferramenta
diabólica. Religiosos alertavam os fiéis sobre a ilusão demoníaca e a
permissividade moral da nova invenção, como lembra Jean-Claude Carrière
em seu ensaio “A Linguagem Secreta do Cinema”, espectadores muçulmanos
fechavam seus olhos diante da tela, pois “uma antiga e severa tradição proibia-
os de representar a forma e a face humanas, criações de Deus”. A imitação do
mundo era, portanto, obra do Demônio.
Pois o cinema parecia realmente uma ferramenta ideal para a ação do mítico
mestre da mentira e da ilusão, e não tardou para que ele desse as caras
na nova invenção, que assombrava e seduzia o público no final do século
XIX. O pioneiro cineasta francês Georges Méliès (1861-1938), foi um dos
precursores ao utilizar a figura do Demônio em suas produções. Diabos de
traços picarescos, herança das sátiras medievais, infestavam suas produções,
como Le Diable au Convent (1899), Le Cake Walk Infernal (1903) e Le
Chaudron Infernal (1903). Amparado por trucagens visuais nunca antes
vistas pelo público, Méliès, segundo Jean Tulard, “rompeu com o aborrecido
cinema-verdade de Lumière, criando o cinema-espetáculo”. Ao fornecer ao
público, demônios e maravilhas, além de uma fascinante viagem à lua, o
experimentalismo de Méliès auxiliou a conceber a linguagem cinematográfica
que hoje conhecemos.
Outros pioneiros do cinema se aventuraram na exploração de figuras
diabólicas, como o americano D.W. Griffith, com The Devil (EUA, 1908), e os
italianos Francesco Bertolini e Adolfo Padovan, que em 1911, inspirando-se
esteticamente nas ilustrações de Gustav Doré, realizaram L’Inferno (Itália,
1911), uma impressionante adaptação da primeira parte da obra A Divina
Comédia, de Dante Alighieri. Imortalizado na obra Goethe, o mito de Fausto,
homem que em busca de juventude e conhecimento vende sua alma para o
demônio Mefistófeles, foi levado às telas pela primeira vez em 1904, num curta-
metragem do francês Georges Fagot, mas sua representação mais marcante
encontra-se em uma obra crepuscular do expressionismo alemão, Fausto
(Faust – Eine deutsche Volkssage, 1926), de F.W. Murnau. Porém, entre
as obras seminais no tratamento do tema, talvez seja Häxan, A Feitiçaria
Através dos Tempos (Häxan, 1922), de Benjamin Christensen, a que
melhor sobreviveu à evolução da narrativa cinematográfica, apresentando um
pesadelo de beleza lúgubre, que emula visualmente a obra do pintor holandês
Hieronymus Bosch, num universo repleto de demônios, bruxas medievais e
freiras possuídas, numa trama que mescla a ficção e o documental, explorando
teorias tanto místicas como racionais para relatar a influência de entidades
maléficas em nosso mundo. Em Häxan, religiosidade, medos e superstições
medievais se confrontam com as teorias psicanalíticas em voga na época.
Em seus primeiros anos, a abordagem do Diabo no cinema bebeu diretamente
da fonte literária (Goethe, Dante), nas lendas medievais e nos conceitos
bíblicos. Seres demoníacos, munidos de rabo e chifres, pululavam nas telas
fazendo caretas, seduzindo mulheres incautas ou barganhando a alma de
homens gananciosos, e mesmo que sua essência fosse claramente maléfica
para a audiência da época, vistas hoje, essas criaturas burlescas soam
ingênuas, gerando mais risos do que temor. Curiosamente, a figura mais
representativa daquilo que seria a “encarnação do mais puro mal”, pouco foi
explorada nos primórdios de um gênero que tem por natureza o objetivo de
assustar as pessoas, o cinema de horror.
II
Durante os anos 1930 e 1940, os estúdios da Universal
auxiliaram a popularizar o gênero, apavorando o público com títulos
marcantes como Drácula (1931), de Todd Browning, Frankenstein (1931), de
James Whale, e A Múmia (1932), de Karl Freund, mas durante este período
foram raras, ou nulas, as incursões do Demônio como protagonista, salvo
eventuais presenças em produções bíblicas.
Em 1957, Jacques Tourneur, veterano diretor dedicado ao cinema fantástico,
que nos anos 1940 havia realizado as obras primas A Morta-Viva (I Walked
With a Zombie) e Sangue de Pantera (Cat People), realizou o tétrico
A Noite do Demônio (Night of The Demon), onde um homem buscava
desesperadamente livrar-se de uma maldição que o levaria, literalmente, para
o fogo do inferno. Tourneur sempre prezou pela sutileza, preferindo a sugestão
ao susto fácil, e brigou inutilmente com os produtores para que a figura do
Demônio fosse apenas sugestionada, mas sua única e flamejante aparição
foi suficiente para aterrorizar o público. Fã confesso da obra de Tourneur, em
2009 o diretor Sam Raimi inspirou-se em A Noite do Demônio para conceber
a trama de seu Arraste-me Para o Inferno (Drag Me To Hell).
Os anos 1960 despontaram com novas possibilidades para a exploração de
um mito tão controverso. Movimentos de contracultura, influenciados pelo
esoterismo da Era de Aquário, abriram as portas para diversas espécies de
seitas, e o satanismo, revisitado através da obra do ocultista inglês Aleister
Crowley, ficou em voga entre os jovens, influenciando a música, a literatura, e o
cinema.
Neste período conturbado, repleto de experimentações, enquanto os Rolling
Stones cantavam Sympathy for the Devil, a própria indústria do cinema
passava por um processo radical de transformação, e o Demônio começava
a figurar em diversas produções cinematográficas, e assim surgem obras
ousadas e pouco convencionais como Invocation of My Demon Brother
(1969), de Kenneth Anger (seguida de Lucifer Rising, 1972) uma produção
avant-garde, onde o polêmico fundador da Igreja de Satã, Anton LaVey
representava o próprio Senhor das Trevas, e
Stevens, um filme peculiar, de soturna fotografia expressionista, onde numa
terra indefinida um humano (William Shatner) e uma Sucubus (espécie de
demônio feminino), se apaixonavam. Um amor que colocava a alma imortal
do homem em jogo, disputada por outro demônio, o Incubus do título, que
nascia das entranhas da terra e assumia a forma de um grande bode negro,
uma das representações clássicas do Baphomet medieval. Para aumentar sua
estranheza, a produção é totalmente falada em esperanto, e fatos sinistros
contribuíram para aumentar sua fama de filme maldito. Não bastasse o fato
de o interprete de Incubus, o ator Milos Milos, assassinar a amante e cometer
suicídio logo após as filmagens, na noite de estréia o cinema onde o filme
seria exibido pegou fogo, e algum tempo depois os copiões desapareceram,
tornando o filme inacessível durante mais de trinta anos, até que uma cópia em
bom estado fosse encontrada na Cinemateca Francesa.
Ainda no começo da década o diretor polonês Jerzy Kawalerowicz abordou o
histerismo religioso em Madre Joana dos Anjos (Matka Joanna od aniolów ,
1961), resgatando a história a respeito de freiras alegadamente possuídas,
abordada anteriormente no clássico Häxan. O tema seria revisitado pelo inglês
Ken Russell em 1971 com o polêmico Os Demônios (The Devils), tornando-se
a base para um subgênero conhecido como nunsesploitation. Estas obras se
baseavam num fato em comum, o notório caso das Freiras de Loudun, ocorrido
na França em 1632, quando religiosas de um convento cometeram sacrilégios
declarando estarem sob a influência de demônios. Até mesmo a tradicional
produtora inglesa Hammer, notória por seu ciclo de filmes sobre o Conde
Drácula, deixou o vampirismo um pouco de lado para produzir As Bodas de
Satã (The Devils’ Ride Out , 1968), e alguns anos depois retornou ao tema do
satanismo com Uma Filha Para o Demônio (To The Devil a Daughter, 1976),
onde uma jovem Nastassja Kinski era oferecida em tributo ao Diabo.
Em meio a dezenas de produções baratas de horror que se sucederam neste
período, é o diretor Roman Polanki e seu notório O Bebê de Rosemary
(Rosemary’s Baby, 1968), quem explora de forma mais contundente a essência
do mal. Os demônios deixavam de ser meras metáforas e carnavalizações,
para se tornarem seres tangíveis, assim como os seus simpáticos vizinhos
de apartamento. O impacto do filme só não foi maior do que o horror que se
estabeleceu fora das telas, quando em 1969 a esposa de Polanski, Sharon
Tate, grávida de oito meses, foi brutalmente assassinada junto com três
amigos, pelos membros da famigerada Família Manson, num dos crimes que
mais chocaram a sociedade norte-americana nos anos 1960. Em 1980, quando
John Lennon foi assassinado diante do edifício Dakota, local onde ocorreram
as filmagens de O Bebê de Rosemary, a aura negra da produção voltou a ficar
em evidência.
Porém, se o filme de Polanski abriu portas para o interesse dos grandes
estúdios sobre o tema, foi William Friedkin, em 1973, quem cimentou de
forma permanente a imagem do Demônio no cinema com O Exorcista
(The Exorcist). A história da possessão demoníaca de uma garotinha, que
blasfema contra Deus, comete automutilação, e se masturba com um crucifixo,
causou além de choque e pesadelos em platéias ao redor do mundo, uma
impressionante bilheteria e 10 indicações ao Oscar. Um feito memorável
para uma obra inserida numa linguagem tradicionalmente vista pela crítica
como um subgênero. Não demorou para que outros filmes inspirados em seu
sucesso comercial explorassem a mesma fonte, e até mesmo o plagiassem
descaradamente, como os italianos O Anticristo (L’anticristo, 1974) de
Alberto De Martino e Espírito Maligno (Chi Sei?, 1974), de Ovídeo G.
Assonitis. O cinema brasileiro também realizou algumas incursões no rastro
de O Exorcista, como Exorcismo Negro (1974), de José Mojica Marins, e
Seduzidas Pelo Demônio (1978), de Raffaele Rossi. Até mesmo o folclórico
cômico Mazzaropi satirizou a obra de Friedkin em O Jeca Contra o Capeta
(1976).
Com a figura do Demônio rendendo nas bilheterias, os grandes estúdios
continuavam investindo no tema, possibilitando que em 1976 Richard Donner,
amparado no Apocalipse de São João, concebesse A Profecia (The Omen),
outra obra emblemática para o gênero, que abordava o nascimento do
Anticristo; a materialização do mal na forma de uma criança, que ao crescer
tomaria o poder e iniciaria o declínio da humanidade.
Se nos primórdios do cinema o Diabo era apenas uma figura caricata, uma
metáfora ingênua e por vezes burlesca do conflito entre o bem e mal, as
obras de Polanski, Friedkin e Donner expandiram a presença das entidades
malignas para o universo físico, onde o campo de batalha deixava de ser
metaforicamente a alma humana, para afligir corporalmente crianças inocentes,
ou gerar um ser com intenções de exterminar com um golpe toda humanidade.
O horror passou a se originar na perversão da pureza infantil. Assim, as
crianças que antes representavam a esperança, passavam a idealizar um
futuro sombrio. O temor metafísico transforma-se no horror da destruição
em massa, refletindo temores racionais, como a paranóia de uma guerra
nuclear que atormentaria o mundo nos anos 1980. Um demônio possuindo um
presidente com o poder de iniciar a terceira guerra mundial, certamente era
mais aterrorizante que um diabo da Idade do Bronze atormentando freiras num
convento isolado do século XVII.
O Anjo expulso do Paraíso parece ser uma figura de potencial inesgotável para
espelhar os nossos temores, mesmo após figurar em centenas de produções
nestes mais de cem anos de cinema. Apesar de explorado desde o princípio
em todos os gêneros, passando pelas farsas de Méliès, e das comédias como
O Pequeno Diabo (Il piccolo diavolo, 1988), de Roberto Benigni,
existencialista de obras como Sob o Sol de Satan (Sous le soleil de Satan,
1987), de Maurice Pialat, a sua natureza grotesca e complexa o tornou figura
indissociável do cinema de horror, além de render desafios aos atores que o
interpretam. Nos anos 1980, Robert De Niro realizou uma marcante atuação
ao compor um refinado Louis Cyphre, em Coração Satânico (Angel Heart,
1987), de Alan Parker. Em 1997, em O Advogado do Diabo (The Devil’s
Advocate), de Taylor Hackford, o ator Al Pacino imprimiu em seu maléfico
personagem todo o sarcasmo e o cinismo dignos de um embusteiro infernal.
Porém, curiosamente coube a uma mulher, a andrógina atriz italiana Rosalinda
Celentano, a interpretação do Demônio mais enigmático e paradoxal dos
últimos anos, na polêmica produção de Mel Gibson, A Paixão de Cristo (The
Passion of The Christ). Ao ceder o papel para uma mulher, Gibson nos lembra
que o feminino também ostenta sua porção satânica, herança das lendas de
Eva, Lilith, e da força das deusas pagãs.
Em seu livro “Linguagem e Mito”, Ernst Cassirer afirmou que “cada impressão
que o homem recebe, cada desejo que nele se agita, cada esperança que o
atrai e cada perigo que o ameaça, pode vir a afetá-lo religiosamente”. Ainda
vivemos num mundo onde a sombra dos mitos pode desencadear medos
ancestrais, temores irracionais que tomam formas diversas e podem ser
compreendidos em suas manifestações artísticas. Parafraseando Cassirer
(embasado no significado original do termo grego daemon), se for para encarar
esses “demônios momentâneos que vem e vão, aparecendo e desaparecendo
como as próprias emoções subjetivas que os originam”, que seja através da
ficção de uma tela de cinema.
(artigo originalmente publicado no livro “Fim do Mundo:Guerras, Destruição e Apocalipse na História e no Cinema / Ed. Argonautas)
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EM 2013 O MAR NEGRO CHEGARÁ ATÉ VOCÊS!
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A VINGANÇA ESTÁ PRÓXIMA!
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PREPAREM-SE PARA A VINGANÇA DOS FILMES B-PARTE 2!
“A vingança é uma espécie de justiça selvagem”. (Francis Bacon)
De 23 a 25 de novembro a Sala P.F.Gastal (3° andar da Usina do Gasômetro) recebe a segunda edição da mostra “A Vingança dos Filmes B”!
O termo “Filme B” surge durante os anos 1920 para classificar produções baratas de pequenos estúdios (westerns, suspenses, seriados de aventura), que serviam de complemento em sessões duplas para os filmes Classe A, ou seja, aqueles realizados pelos grandes estúdios com orçamentos milionários e grandes estrelas. Os “Filmes B” eram feitos a toque de corda, em poucos dias, com astros de terceira e orçamento irrisório. Existia uma área em Hollywood conhecida como Powerty Row (cinturão da pobreza), por reunir diversas produtoras independentes que forneciam filmes de baixo orçamento que eram comprados e distribuídos pelos grandes estúdios. Esse sistema funcionou até o final dos anos 1950, quando acaba a chamada “Era de Ouro de Hollywood”. Apesar da deturpação de seu contexto original, e das modificações na simbiose entre os grandes estúdios e os produtores independentes, o termo Filme B sobreviveu adquirindo conotações diferentes, mas ainda é uma boa definição para filmes de gênero realizados fora do sistema dos estúdios, com orçamento limitado, atores desconhecidos e temática fora dos padrões. Porém, hoje a tela dos cinemas é uma realidade distante para a maioria destas produções que lutam por um espaço público de exibição.
A mostra A Vingança dos Filmes B foi concebida para servir de vitrine para produções independentes que flertem com o cinema de gênero, funcionando como um espaço democrático onde coexistam os mais variados tipos de
expressão cinematográfica, do horror à comédia, passando pelos filmes sci-fi e pelo cinema de ação, sem se importar com o orçamento investido (sejam produções rebuscadas ou de orçamento zero), ou com o suporte de realização. Produções em película, digital e VHS ocupando pacificamente o mesmo espaço. Um evento destinado ao resgate e a divulgação de filmes independentes, bizarros, engraçados ou assustadores, incentivando o público a dialogar com obras que dificilmente encontram espaço nas telas dos cinemas.
Chegou a hora dos independentes retomarem o seu espaço nas telas, mas não como meros coadjuvantes, e sim como atração principal! Está na hora da Vingança dos Filmes B-Parte 2!
PROGRAMAÇÃO
A VINGANÇA DOS FILMES B – PARTE 2
(ENTRADA FRANCA / CLASSIFICAÇÃO: 16 ANOS)
Sexta-Feira, 23 de Novembro.
19h30- Horror.Doc (72’), de Renata Heinz
(OBS: Após a sessão debate com Renata Heinz)
Sábado, 24 de novembro
15h- 20 Anos de Canibal Produções: Baiestorf: Filmes de Sangreira e Mulher Pelada (20’),Christian Caselli + Boi Bom (12’) + Blerghhh (50’) (Após a sessão debate com Petter Baiestorf)
17h30- Sessão Trash’O’Rama: Cachorro do Mato (15’), de Maurício Ribeiro + Amarga Hospedagem (60’), de Claúdio Guidugli
(OBS: Após a sessão debate com o realizador Cláudio Guidugli)
19h30- Sessão de Curtas I: O Solitário Ataque de Vorgon (6’), de Caio D’Andrea + Rango (6’), de Rodrigo Portela + Morte e Morte de Johnny Zombie (14’), de Gabriel Carneiro + Sangue e Goma (11’), de Renata Heinz + Vontade (10’), de Fabiana Servilha + Nove e Meia (20’), de Filipe Ferreira + Rigor Mortis (20’), de Fernando Mantelli e Marcello Lima.
(OBS: Após a sessão debate com os realizadores)
(total: 87 minutos)
Domingo, 25 de Novembro
15h- A Noite do Chupacabras (95’), de Rodrigo Aragão
17h- Maldita Matiné: Testículos (15’), de Christian Caselli + Street Trash, de Jim Muro (90’)
19h30- Sessão de Curtas II: Raquetadas Para a Glória (7’), de TV Quase + X-Paranóia (14’), de Cristian Cardoso e Felipe Moreira + DR (10’),de Joel Caetano e Felipe Guerra + Confinópolis – A Terra dos Sem Chave (16’), de Raphael Araújo + O Curinga (14’), de Irmãos Christofoli + Coleção de Humanos Mortos (20’), de Fernando Rick + Rackets in London- The Olympic Dream (7’), de TV Quase
(Total: 89 minutos)
(OBS: Após a sessão debate com os realizadores)
LONGAS:
Horror.DOC, de Renata Heinz (RS, 2012, 72 minutos). Com Rodrigo Aragão, Paulo Biscaia, Carlos Primati / Horror.DOC se propõe a decifrar o passado e o futuro do cinema de horror no Brasil, através de entrevistas com diretores, críticos e pesquisadores do gênero. Um pungente panorama do horror no cinema brasileiro com depoimentos de diretores como Rodrigo Aragão (Mangue Negro, A Noite do Chupacabras), Paulo Biscaia (Morgue Story, Nervo Craniano Zero), e especialistas no gênero, como Laura Canepa e Carlos Primati.
A Noite do Chupacabras, de Rodrigo Aragão (ES, 2011, 95 minutos). Com Joel Caetano, Petter Baiestorf, Walderrama dos Santos / Cegas pelo ódio, duas famílias rivais entram em confronto sem perceber que um mal maior se esconde na escuridão da floresta, se alimentando de medo e sangue. Uma violenta trama de horror e vingança que fez jorrar sangue novo no cinema independente brasileiro. Ao mesclar mitos regionais e gore oitentista, o diretor capixaba Rodrigo Aragão apontou novas possibilidades para a sedimentação do cinema fantástico no Brasil.
Amarga Hospedagem, de Claúdio Guidugli (RS, 2011, 60 minutos). Com Roberto de Paula, Franciele Cacimiro / Ao praticarem mountain bike numa região rural do interior do RS, grupo de ciclistas é capturado por um psicopata sádico. Os incautos ciclistas precisam lutar para não serem transformados em lingüiça, mas nem todos são inocentes como aparentam. Um sangrento e divertido thriller de ação e horror produzido na pequena cidade de Roca Sales, no Vale do Taquari. Amarga Hospedagem foi inteiramente gravado com uma cyber-shot, com elenco composto por atores amadores, orçamento zero e muita criatividade, transformando uma produção tecnicamente precária num divertido exercício de cinema de gênero.
Street Trash, de Jim Muro (EUA, 1987, 91 minutos) / Clássico gore oitentista sobre um grupo de mendigos que começam a derreter após beberem whisky contaminado. Um festival de insanidade e escatologia, repleto de fluídos corporais e personagens bizarros. Único longa-metragem de Jim Muro, que se tornaria nos anos seguintes um dos mais requisitados especialistas em steadycam de Hollywood, trabalhando em filmes como True Lies e X-Men.
CURTAS:
Baiestorf: Filmes de Sangreira e Mulher Pelada, de Christian Caselli (RJ, 2004, 20 minutos) / Documentário sobre a trajetória de Petter Baiestorf, realizador catarinense precursor das produções independentes em vídeo no Brasil, que através da produtora Canibal Produções se tornou uma nas figuras mais polêmicas e emblemáticas do cinema underground brasileiro.
Boi Bom, de Petter Baiestorf (SC, 1998, 12 minutos). Com Jorge Timm / Os preparativos para um churrasco incluem bem mais do que apenas comprar um espeto. Homem revela um método pouco ortodoxo para preparar a carne de seu churrasco. Vídeo polêmico pela intensidade visceral de suas imagens. Não recomendado para pessoas sensíveis e vegetarianos em geral. (Filmado em VHS)
Blerghhh, de Peter Baiestorf (SC, 1996, 50 minutos). Com Cesar Souza, David Camargo, Denise V, Jorge Timm / Grupo de guerrilheiros formado por dementes e pervertidos seqüestra filho junkie de um milionário. A situação se complica quando nem tudo o que deveria morrer permanece morto. Alucinada sátira sócio-política escatológica envolvendo violência e humor negro. Uma provocativa e anárquica trama típica da Canibal Produções. (Filmado em VHS)
Coleção de Humanos Mortos, de Fernando Rick (SP, 2005, 20 minutos). Com Ulisses Granados, Tiara Curi, Marinna Anlop / Assassino desequilibrado em conflito com suas múltiplas personalidades comete atos de extrema brutalidade enquanto coleta vítimas para sua coleção de humanos mortos. Efeitos de maquiagem de Kapel Furman, um dos grandes especialistas em FX do cinema brasileiro.
Confinópolis – A Terra dos Sem Chave, de Raphael Araújo (ES, 2012, 16 minutos). Com Daniel Boone, Fonzo Squizzo, Leonrado Prata / Num mundo distópico as pessoas vivem fechadas em sua própria alienação e sob o violento controle do estado. Porém, alguém sabe que em algum lugar existe uma chave para a libertação.
Cachorro do Mato, de Maurício Ribeiro (ES, 2002, 15 minutos) / Um grupo de jovens tem seu fim de semana no campo transformado em um pesadelo sangrento quando se deparam com um abominável e faminto… cachorro do mato! Sangue e risadas nesta hilária produção amadora realizada no Espírito Santo.
O Curinga, de Irmãos Christofoli (RS, 2009, 17 minutos). Com Rafael Tombini, Nilson Asp, Ariane Donato / Um apartamento vazio, um homem, um baralho de cartas, e algumas pragas bíblicas. Baseado no conto Eu Não Matei o Mundo.
Dr, de Joel Caetano e Felipe Guerra (SP, 2012, minutos’). Com Oldina do Monte, Mariana Zani / Confrontado pela esposa infeliz no relacionamento e pela sogra possessiva, um homem descobre que discutir a relação nem sempre é a melhor saída para o casal. DR é o insano resultado da união de Joel Caetano e Felipe Guerra, dois dos mais notórios realizadores da atual cena independente de horror brasileira.
Morte e Morte de Johnny Zombie, de Gabriel Carneiro (SP, 2011, 14 minutos). Com Joel Caetano, Charlene Chagas, Ana Luíza Garcia / Contaminado por uma substância tóxica, Johnny, o funcionário de uma fábrica começa a sofrer uma bizarra transformação. A repentina chegada dos amigos para uma festa em sua casa desencadeia uma fome incontrolável gerando uma inusitada e sangrenta situação.
Nove e Meia, de Filipe Ferreira (RS, 2012, 20 minutos). Com Rafael Tombini, Leonardo Machado, Herlon Holtz / Após perder a filha, atropelada por um estranho, homem se torna obcecado pelo desejo de vingança. Dramático thriller baseado no conto Nove Horas e Trinta Minutos de Rubem Fonseca.
Rigor Mortis, de Fernando Mantelli e Marcello Lima (RS, 2012, 20 minutos). Com Daniel Bacchieri, Renata de Lélis, Morgana Kretzman, Patrícia Soso / Eros e Tanatos, vida e putrefação. Desejo e morte se fundem quando um casal se vê envolvido numa trama bizarra onde o marido é contaminado por uma estranha infecção.
Raquetadas Para a Glória, de TV Quase (ES, 2011, 7 minutos). Com Daniel Furlan, Juliano Enrico, Gabriel Labanca, Keka, Raul Cheque / Para vingar a morte do amigo, Ricky Larusso procura o lendário mestre bêbado para ensinar-lhe as técnicas mortais de um jogo brutal, o frescobol! Uma produção da TV Quase, um dos mais anárquicos grupos de humor do Brasil, que produz material exclusivamente para a Internet.
Rango, de Rodrigo Portela (RS, 2007, 6 minutos). Com Cláudio Benevenga, Chico De Los Santos, Dhirley Cunha, Leonardo Barison/ Quatro homens em conflito por um punhado de carreteiro numa hilariante homenagem ao western spaghetti.
Rackets in London- The Olympic Dream, de TV Quase (ES, 2012, 7 minutos). Com Daniel Furlan, Juliano Enrico, Gabriel Labanca, Keka, Raul Cheque / Após vingar a morte de seu melhor amigo Ricky Larusso vai para a Inglaterra lutar para que transformem o frescobol em um esporte olímpico. Porém, um novo vilão tentará atrapalhar os seus planos. A trupe da TV Quase invade Londres nesta ainda mais absurda seqüência de Raquetadas Para a Glória.
O Solitário Ataque de Vorgon, de Caio D’Andrea (SP, 2011, 6 minutos). Com Boris Ramalho, Luiz Otávio Santi / Não há nada mais perigoso do que um monstro com o coração partido.
Sangue e Goma, de Renata Heinz (RS, 2011, 14 minutos). Com Rafaela Cassol, Leonardo Machado, Beto Mônaco / Ella não consegue fugir de seu destino e esbarra na afirmação constante de que as coisas podem não ser o que aparentam.
Testículos, de Chistian Caselli (RJ, 2001, 15 minutos). Com Clara Linhart, Lois Lancaster, Rodrigo dos Santos / Um convite para almoçar na casa de um antigo amigo toma rumos surreais quando um exótico prato é servido. Com a participação de Lois Lancaster, vocalista da lendária e insólita banda carioca Zumbi do Mato.
X-Paranóia, de Cristian Cardoso e Felipe Moreira (RS, 2012, 14 minutos). Com César Scortegagna, Cristian Cardoso, Tiana Moon / Diversas teorias conspiratórias transformam o simples ato de comer um X numa lanchonete em uma aventura complexa, fazendo com que um homem comece a questionar sua própria sanidade.
Vontade, de Fabiana Servilha (SP, 2011, 10 minutos). Com Alexandre Rabello, Douglas Domingues, Marina Ballarin / Após um exaustivo dia de trabalho, Luís acorda no meio da madrugada. Desesperado, sai às ruas em uma busca misteriosa. Conforme o tempo passa, fica cada vez mais difícil conseguir o que procura. A vontade é cruel e inexorável, e precisa ser saciada a qualquer custo.
UMA PRODUÇÃO CINEMA EX MACHINA & TOQUE DE MUERTO
APOIO:
HORROR.DOC
Em novembro estreia o documentário “Horror.Doc”, produzido pela Cumbuca Filmes e dirigido pela talentosa Renata Heinz. O longa faz um panorama da produção dedicada ao cinema fantástico no país, com depoimentos de realizadores e pesquisadores do gênero. Fui um dos entrevistados para o projeto, fazendo companhia a Rodrigo Aragão, Marcelo Severo, Laura Cánepa, Carlos Primati, Felipe Guerra e outras pessoas bacanas, que assim como eu são apaixonadas pelo cinema de horror. O documentário fará parte da minha mostra “A Vingança dos Filmes B- Parte 2”, que ocorrerá na Sala P.F. Gastal da Usina do Gasômetro no final de novembro. Aguardem maiores informações.
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RUMO AO MAR NEGRO!
Amanhã parto para o Espirito Santo para participar das gravações de Mar Negro, o desfecho da trilogia de horror idealizada por Rodrigo Aragão, iniciada em 2008 com Mangue Negro, e precedida em 2011 por A Noite do Chupacabras. Em meus trabalhos como ator já desempenhei papéis bizarros, tais como um coveiro onanista necrófilo em Rigor Mortis, de Fernando Mantelli e Marcello Lima, um pedinte falsamente aleijado em INpoliticamente Correto, de Pedro Breitman e Maurício Gyboski, fui transformado num monstro raivoso após ser mordido por um mendigo infectado em David Blyth’s Damn Laser Vampires, de David Blyth e Felipe Guerra, um velho feiticeiro canibal em A Noite do Chupacabras… e para completar essa galeria grotesca faltava algo mais radical…ok, não falta mais! Aguardem! Enquanto isso fiquem com o segundo making of de Mar Negro.
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