O PATÉTICO MONSTRO DA CENSURA VOLTA A ATACAR!

“Censores tendem a fazer aquilo que somente psicóticos fazem: Eles confundem realidade com ilusão”- David Cronenberg.

Após ser exibido com cortes na última edição do FANTASPOA (uma atitude equivocada, visto que a exibição era para maiores de 18 anos), o controverso “A Serbian Film” continua sua saga de polêmicas. O veto de exibição imposto ao RIOFAN pela Caixa Econômica Federal tira do público o poder constitucional de decidir sobre aquilo que quer ou não assistir, segundo o artigo 220, parágrafo 2° da Contituição Federal: “É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. Assim como o artigo 1° da Carta dos Direitos do Público da Federação Internacional de Cineclubes alerta: “Toda pessoa tem direito a receber todas as informações e comunicações audiovisuais. Para tanto deve possuir os meios para expressar-se e tornar públicos seus próprios juízos e opiniões. Não pode haver humanização sem uma verdadeira comunicação”. 

Não são portanto as qualidades fílmicas de “A Serbian Film” que estão em jogo, mas o seu direito como cidadão de julgá-las por si próprio. Estamos vivendo tempos estranhos em que o termo liberdade de expressão parece ser apenas um corpo estranho, um espinho no calcanhar da ditadura do politicamente correto.

Abaixo a nota de repúdio divulgada pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema:

REPÚDIO AO VETO A “A SERBIAN FILM” NO RIO FAN.

 A Abraccine – Associação Brasileira de Críticos de Cinema repudia o veto à projeção do longa-metragem “A Serbian Film – Terror sem Limites”, do diretor sérvio Srdjan Spasojevic, presente na programação do RioFan – Festival de Cinema Fantástico do Rio de Janeiro.  O filme seria exibido pelo RioFan na sala Caixa Cultural. Porém, os organizadores do festival foram obrigados a retirá-lo da programação por decisão da diretoria da Caixa Econômica Federal, conforme nota divulgada pela assessoria de imprensa do banco, sob alegação de que a instituição “entende que a arte deve ter o limite da imaginação do artista, porém nem todo produto criativo cabe de forma irrestrita em qualquer suporte ou lugar”. Em resposta, a organização do RioFan se disse “contra qualquer forma de censura” e informou que todos os filmes selecionados para o festival foram avaliados por órgãos oficiais competentes e têm classificação etária de 18 anos. A Abraccine defende a liberdade de expressão cinematográfica e o direito de os espectadores interessados assistirem aos filmes que lhes convêm, acreditando não caber a instituições públicas ou privadas a definição sobre o que deve ou não ser visto.
A responsabilidade sobre programação e observação à classificação etária de filmes apresentados num festival de cinema é da organização do evento, devendo a ela serem dirigidas eventuais questões controversas, sem, para isso, ser utilizado o ato de censura prévia (inexistente no país) a um determinado trabalho artístico. Registramos ainda que “A Serbian Film” já teve pelo menos outras duas exibições anteriores ao RioFan: no I Festival Internacional Lume de Cinema (São Luís, no Maranhão) e no VII Fantaspoa – Festival Internacional de Cinema Fantástico (Porto Alegre, no Rio Grande do Sul).
Por esta nota, deixamos ainda claro que a Abraccine não está defendendo um trabalho ou um festival em específico, mas um princípio: o de um filme poder ser assistido e avaliado pelo espectador com liberdade.

ABRACCINE

Associação Brasileira de Críticos de Cinema

11 Comentários

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11 Respostas para “O PATÉTICO MONSTRO DA CENSURA VOLTA A ATACAR!

  1. Quando meus filmes são proibidos ninguém escreve notinha de repúdio, adoradores de gringos são fodas!
    Petter Baiestorf.

  2. Petter, acho teus filmes não estão incomodando o suficiente, rs.

  3. Cayman

    “Petter, acho teus filmes não estão incomodando o suficiente, rs.”
    – Essa eu assino embaixo, Peter. Quando começarem a incomodar, aí você vai sentir-se como Cronnenberg se sentiu pelo menos duas vezes.

  4. Pense em usar pedofilia nos seus próximos filmes. Aí pode ser que incomode.

  5. recemformada

    Li sobre isto hoje de manhã. Que absurdo né? Mas canibuk , eu não conheço seus filmes. São bons?

    http://raquelmariano.wordpress.com/

  6. Acho que o próximo projeto do Petter pode se chamar “A Palmettian Film”, rs.

  7. Pingback: Brazil: “A Serbian Film” Banned from RioFan Festival · Global Voices

  8. Pingback: Brasil: Filme de Terror Sérvio Banido do Festival RioFan · Global Voices em Português

  9. Pingback: Bosnia & Herzegovina: The March of Peace | Social Entrepreneur Guide

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  11. DasTrevas

    Apenas o cidadão pode decidir se deve ou não assistir o que quer que seja. O judiciário não é detentor da verdade ou da moral, e sequer deveria possuir poderes para decidir pela população o que deve ou não ser assistido. É o primeiro passo para retornar com a censura. Primeiro, um filme de terror de baixo nível, em seguida, escândalos de corrupção. Acho que a roubalheira generalizada nos 3 poderes deveria ficar em evidência, mas parece que o tal filme chegou em um momento estratégico para maquiar a podridão do nosso sistema falido, ao mesmo tempo que deixa explícito que os brasileiros não tem o direito de decidir por conta própria, o que deve ou não ser visto. Transformam um filme em um espetáculo de fogos de artifício, com o intuito de desviar a atenção do povo para outro foco, que não o estelionato generalizado no legislativo.

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